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Certificação Florestal: como e por que buscar pelo Selo Verde?

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A certificação florestal é um instrumento que dá suporte ao manejo sustentável e oferece ao mercado consumidor a garantia da origem do produto que está sendo adquirido.

A obtenção do certificado florestal têm se tornado cada vez mais relevante diante da crescente demanda mundial por produtos ambientalmente sustentáveis.

Na prática, para as empresas do setor florestal, a certificação corresponde a um processo voluntário ao qual elas se submetem para atestar que seus produtos e sua produção seguem determinados padrões de qualidade e sustentabilidade.

Esses padrões, por sua vez, são estabelecidos por conjuntos de países ou entidades, de forma internacional ou local, e garantem às companhias certificadas benefícios comerciais e institucionais.

Neste artigo, falaremos sobre a importância desse documento, o que se entende por produtos sustentáveis florestais, produtos com selo verde, certificação SFC, PEFC, e muito mais.

Siga a leitura e fique por dentro de tudo sobre esse tema!

Um pouco da história da certificação florestal em números 

Os processos de certificação florestal surgiram efetivamente em meados da década de 1990, impulsionados pelos tratados internacionais sobre meio ambiente e mudanças climáticas (RIO-92 e Protocolo do Kyoto – 1997).

Outro importante motivo foi a mudança comportamental observada no mercado consumidor, que passou a acompanhar de perto ações de desmatamentos e exigir madeira produzida de forma ecologicamente aceitável.

O sistema de certificação com maior reconhecimento mundial é o FSC (Foward Stewardship Council, ou Conselho de Manejo Florestal, em português), que foi criado em 1993 e certificou a primeira área brasileira em 1995.

O FSC é um sistema que desenvolve os princípios e critérios universais para a certificação e credencia organizações que poderão certificar empresas florestais com esse selo.

Atualmente, ele está presente em 89 países e já certificou 212.981.638 de hectares ao redor do mundo. 

No Brasil, esse selo já havia certificado 7.134.658 hectares até março de 2020, o que garante ao nosso país o 6º lugar no ranking total do sistema FSC (FSC, 2020).

Outro selo de destaque no Brasil é o Cerflor — Programa Brasileiro de Certificação Florestal, um sistema nacional de certificação lançado em 2002, e que está associado ao INMETRO. 

Até novembro de 2019, já haviam sido certificados 4,2 milhões de hectares (30 empresas) (INMETRO, 2020).

Inclusive, vale destacar que esses dois “selos verdes” podem ser obtidos simultaneamente pelas empresas que atuam no setor florestais.

Quais são os benefícios proporcionados pela certificação florestal?

Um certificado florestal que atesta a origem e sustentabilidade dos produtos, traz benefícios a diversas áreas de uma companhia desse segmento.

Por exemplo, eles ajudam na obtenção de melhores preços de venda da madeira, além de aumentar o acesso das empresas ao mercado internacional, especialmente o Europeu, que tem exigências elevadas em relação à sustentabilidade dos processos produtivos.

Além desses benefícios diretos, ter uma certificação florestal proporciona melhoria da imagem da instituição no mercado, aumentando seu reconhecimento, uma vez que traduz a responsabilidade socioambiental da companhia com o manejo da floresta e seu comprometimento com o desenvolvimento sustentável.

Uma questão muito relevante é que a obtenção desse documento gera custos e é cercada de uma série de exigências. Todavia, seus benefícios são extremamente consideráveis, especialmente em médio e longo prazo.

Por vezes, ele interfere na gestão e na mentalidade corporativa da organização, demandando da diretoria e de todos os colaboradores mudanças que podem ser trabalhosas, mas que são convertidas em aumento do engajamento da equipe, do compromisso com as metas e até em aumento de produtividade.

Por que a certificação florestal gera aumento na produtividade?

Estudos apresentados por Peter H. May, ainda em 2004, e realizados no Brasil desde a década de 1990, revelaram que o volume de madeira comercializável em áreas de manejo sustentável e certificado foi até 30% maior do que em áreas com práticas convencionais.

Essa diferença pode ser explicada por perdas menores em ações de aberturas de estradas e pátios, pelo melhor planejamento, pela redução dos danos e do desperdício da madeira e também pela redução de informações errôneas que influenciavam nas práticas do campo.

Se em 2004 essa variação era possível, já imaginou os avanços que poderíamos alcançar junto à aplicação das tecnologias atuais no campo?

Em resumo, práticas conscientes, sustentáveis e planejadas minimizam perdas que influenciam diretamente nos resultados observados no campo e no bolso.

Dica! Aproveite e leia também: “Avaliação de resultados da produção florestal: o que é importante analisar?

Quais são as práticas exigidas para obter uma certificação florestal?

Os principais tipos de certificados existentes no Brasil (FSC e Cerflor) têm critérios distintos, de forma que o sistema nacional é mais exigente, porém, mais acessível a pequenos e médios produtores.

No entanto, ambos se baseiam em três pilares de produção:

  • ser ecologicamente adequado;
  • socialmente justa;
  • economicamente viável, considerando o cumprimento de todas as leis vigentes.

Os 10 princípios da Certificação FSC

O FSC utiliza padrões internacionais para estabelecer o padrão de manejo florestal para cada país, considerando suas particularidades (os do Brasil podem ser consultados aqui).

Em geral, é exigido que a produção respeite áreas de preservação e terras indígenas, tenha comprometimento e vínculo com a comunidade em que está inserida, valorize seus trabalhadores e observe práticas de manejo consciente.

Seguindo com essas diretrizes, os princípios que precisam ser cumpridos para obter a certificação FSC são:

  • conformidade com as leis e princípios;
  • posse e direitos de responsabilidade de uso da terra;
  • direitos dos povos indígenas;
  • relações comunitárias e direito dos trabalhadores;
  • benefícios da floresta;
  • impacto ambiental;
  • plano de manejo;
  • monitoramento e avaliação;
  • manutenção de florestas de alto valor de conservação e
  • plantações.

Outros pontos exigidos pela Certificação FSC

Associados a cada um desses princípios, existem critérios específicos a serem observados.

Considerando o manejo das operações no campo e a governança dos negócios florestais, são exigidos, por exemplo, a análise da viabilidade econômica, com controle de todos os custos operacionais, ambientais e sociais, com registros que permitam a verificação e a estimativa de custos e receitas ao longo do tempo

Além disso, deve haver controle do uso de agrotóxicos e fertilizantes utilizados, com informações de local, método, dosagem, quantidade, data de aplicação e justificativas. 

Outra questão relevante, é o controle de ocorrências (como incêndios), pragas e doenças, além de planos que incluam práticas de prevenção.

Em resumo, observa-se a importância do controle específico e do registro efetivo de todas as operações realizadas no campo para que a empresa possa ser certificada.

Quanto maior for o nível de organização da sua empresa, maior será a facilidade de obter uma certificação.

Apenas empresas de produção florestal podem ser certificadas? E as demais da cadeia produtiva?

As certificações são viáveis para todas as empresas que produzem a madeira e seus subprodutos, e para as companhias que os utilizam como matéria-prima.

Nesse sentido, existem dois principais tipos de certificação: 

  • de manejo florestal propriamente dito;
  • de cadeia de custódia, direcionada aos que processam a matéria-prima.

Além disso, existem subcategorias voltadas à exploração de florestas plantadas, à extração e exploração em terras amazônicas, e também à produção em pequena escala, com diferentes níveis de exigência em relação aos critérios de análise.

Quem realiza os processos e certifica as empresas florestais?

O processo de certificação é realizado por certificadoras credenciadas, as quais podem ser consultadas no site da FSC ou INMETRO/Cerflor.

Elas têm etapas de consulta pública da relação da empresa com a comunidade na qual ela está inserida, análise e auditoria, cumprimento de condições e realização de adequações no processo produtivo.

A certificação florestal é válida por 5 anos, com realização de monitoramentos e auditorias anuais para revalidação.

O que é preciso para certificar sua empresa?

Para obter um certificado florestal para sua empresa, o primeiro passo é manter o total controle de suas ações e operações.

O selo resultante da certificação melhorará a competitividade do seu negócio no mercado de atuação e agregará valor ao seu produto, além de promover benefícios à sociedade, ao ambiente e à conservação dos recursos naturais.

Com as projeções futuras de aumento da área florestal plantada no Brasil, e a tendência de crescimento da demanda internacional por produtos sustentáveis — incluindo biomassa florestal em substituição a fontes de energia não renováveis —, os selos verdes podem garantir a sua entrada, permanência e crescimento no mercado internacional!

Tem alguma dúvida ou comentário sobre esse tema? Então fale agora mesmo com a gente!

REFERÊNCIAS

  • CERFLOR. http://inmetro.gov.br/qualidade/cerflor.asp
  • FSC BRASIL. https://br.fsc.org/pt-br
  • MAY, Peter H. Certificação Florestal no Brasil: Valorização Comercial e Ambiental”. Em https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/M2D00014.pdf. Acesso em 02/09/2020.


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